Brazilian Guitars: resgatando a história!

Sabe aquela guitarra encostada no porão da sua casa a décadas, escrito atrás do headstock de forma bem apagada "Made in Brazil"? Saiba que ela pode ter feito história! Vamos aqui relembrar as guitarras brazucas que fizeram história!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Giannini AE014 e AE08S

Olá amigos. Fiquei uma semana viajando, por isso a falta de postagens nesse blog. Mas agora estou de volta, com novas postagens.

Hoje falarei sobre as guitarras Giannini AE014 e AE08S.

A AE014 era um modelo Double cutway com 2 humbuckers com design totalmente exclusivo e a AE08S era uma strato, uma Stratosonic “melhorada”. Ambas eram inteiriças, provocando um sustain muito bom. Eram as top da Giannini na época, foram lançadas no catálogo 1980. Eram maravilhosas, o “sanduíche” de madeiras deixava as guitarras muito bonitas. Vejam a foto delas no catálogo da Giannini:

Abaixo, a descrição de ambas, tirada do catálogo citado anteriormente:

“-Giannini AE014: guitarra para o músico profissional exigente, braço inteiriço, escala em ébano, 24 trastes largos de alpaca, pestana de latão puro, tarraxas douradas tipo Schaller extremamente precisas e macias, dois captadores humbuckers double coil Mighty Mile, desenho original desenvolvido totalmente no Brasil, cavalete e prende cordas de latão puro, duas opções de codes da madeira: escura (louro preto) e clara (gruximava).

-Giannini AE08S: acabamento fosco natural, sistema de braço inteiriço, captadores extra sensíveis, escala de jacarandá, trastes largos de alpaca, tarraxas tipo Schaller altamente precisas e com ajustes. “

Pelas descrições podemos constatar que eram guitarras top, feitas com madeiras de primeira. Não consegui descobrir até quando foram fabricadas, mas acho que não duraram muito, já que eram guitarras “complexas”, especiais. Ainda se é possível encontrar alguns exemplares por aí, mas são raras.

A seguir, algumas fotos delas.


Giannini AE014 com tampo escuro:


Giannini AE014 com tampo claro:



Giannini AE08S






Até a próxima postagem.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fender Southern Cross – Parte 2

Olá. Hoje, a segunda parte da postagem sobre a Fender Southern Cross Series by Giannini. Escreverei os detalhes sobre essa linha. A maioria dos dados por Carlos Assale.

-Fabricante: Giannini, já na atual fábrica na cidade de Salto/SP
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Período de fabricação: 1992 a 1995
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Produção: 5 mil exemplares
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Custo no lançamento: R$ 350,00. Em 1994, houve o Plano Real e nossa moeda ficou paritária com o dólar norte-americano.
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Madeiras: corpo – cedro; braço e escala – pau-marfim
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Hardware: Não há nenhuma identificação específica.

-Escudo: vinham já montados principalmente da Coréia, principalmente da Cor-Tek (hoje Cort). Eles também fabricam os Mighty Mite e os EMG Select, portanto todos têm o mesmo DNA.
Escudo branco, captadores com os polos aparentes, knobs de plástico, tipo strato.
Cordas: .009
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Headstock:

Frente: logotipo Fender PRATEADO com margem preta, STRATOCASTER Made In Brazil, Southern Cross (com as cinco estrelinhas do Cruzeiro do Sul acima do "n") ou Squier Series
Traseira: MANUFACTURED UNDER LICENCE
FENDER MUSICAL INSTRUMENTS INC.
USA
CGC: 61.196.119/0001-76
*
As primeiras guitarras fabricadas no Brasil saíram com o selo "Squier". Posteriormente, foi criado o logo "Southern Cross ".
-Cores:
Vermelho metálico, Sunburst azul (Moonburst) e Preto
*
Portanto, não existem Fender SC de outras cores...
Versão canhota:
A única Fender Southern Cross foi feita especialmente para o guitarrista Edgar Scandurra.
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"30 moscas brancas": Há 30 Fenders Southern Cross com parte elétrica americana (escudo, chave e captadores). Isto se deu porque o fabricante coreano atrasou a entrega, e o Assale providenciou uma importação direto dos EUA.
-Potenciômetros:
CTS americanos.

*Quando a Giannini deixou de fabricar a Fender Stratocaster Southern Cross, devido ao "custo brasil" e ao altíssimo royalties pagos à matriz norte-americana, para não perder mercado, foi criada a Giannini Stratosonic e, posteriormente, a Supersonic, que eram semelhantes ou parecidas, mas não iguais.
É um equívoco afirmar que a Southern Cross e as stratos Giannini
são a mesma coisa, porque o headstock é diferente, o corpo é diferente, não seguem em nada o padrão das Fenders Southern Cross. O controle de qualidade das Fender era bastante rigoroso. Antes de o lote ser liberado para o mercado brasileiro, vinha um técnico norte-americano da Fender e examinava guitarra por guitarra, inclusive pesando cada uma, para ver se estava no padrão. Um outro detalhe é que a Fender Southern Cross, devido a madeira utilizada, é mais pesada do que as vendidas na época, fabricadas no México e nos EUA.

-Último lote: 1995

- Imagens:

*Headstocks (primeiro o ‘Squier Series’ e depois o ‘Southern Cross Series’):













* Cor preta:














* Cor moonburst:










* Cor vermelha:














Com esse post, é possível acabar com todos os mitos e lendas sobre a Southern Cross. Tirem suas próprias conclusões sobre essa série, que infelizmente durou tão pouco.

(Estarei viajando do dia 17 até o dia 24, não poderei postar nada nesse período)

Por: Flávio Marcel



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Fender Southern Cross – Parte 1

Olá leitores. O assunto desse e do próximo post é a linha Southern Cross da Fender. Alguns devem estar se perguntando sobre o que que isso tem a ver com o blog, que se chama “Brazilian Guitars”. A resposta é simples. Essa série era fabricada no Brasil, pela Giannini de 1992 a 1995, sob supervisão da Fender. Um funcionário vinha dos Estados Unidos regularmente verificar a produção. Nesse primeiro post sobre essa linha, postarei uma entrevista com o Carlos Assale, responsável pelas guitarras “Fender by Giannini”. Essa entrevista também está disponível na comunidade “Guitarras Fender”, no Orkut.

“Entrevistador: Carlos Assale, você foi o responsável pelas Fender by Giannini. Como foi possível licenciar a marca Fender?

Carlos Assale: É verdade, o projeto Southern Cross. A Giannini tinha conseguido em 1990 uma licença para a fabricação das Fender aqui. O objetivo da fábrica americana era ter um fornecedor de violões tradicional, a quem pudesse confiar essa linha de instrumentos. Foi uma troca de interesses. Coincidentemente, foi na mesma época que eu estava deixando a Dolphin. O Giorgio Giannini - que apesar de ferrenho concorrente tinha comigo uma relação de amizade, respeito e admiração - me convidou para assumir a direção técnica da empresa e, entre outras coisas, tocar o projeto Fender/Giannini. Começamos a trabalhar em 1991 e enviar amostras para aprovação. Eu fui a interface com a Fender, acompanhado do Roberto Giannini. Visitamos as fábricas de Ensenada e Corona muitas vezes, trabalhamos o produto, demos aulas sobre design e fabricação de acústicos. Aprovamos o braço em pouco tempo mas o corpo levou uns dois anos e MUITAS amostras - foi preciso muitas mudanças de ferramental. É incrível como a Fender é sensível ao shape da Stratocaster, que é na verdade sua marca registrada, sua identificação. No fim recebemos um fax do Dan Smith, diretor de marketing da Fender, dizendo que o produto tinha melhorado 4000% e que a confiança era tanta que pela primeira vez eles iriam permitir que um produto produzido fora de suas fábricas e sem seu envolvimento comercial ostentasse o nome Fender no headstock. Fabricávamos em lotes e eles só iam para o mercado depois que um representante deles viesse fazer uma minuciosa inspeção. Elas eram até pesadas! Foram produzidos cerca de 5000 instrumentos de 1993 a 1995. O projeto foi abortado porque as peculiaridades econômicas do Brasil somadas ao royalty muito alto tornaram tudo economicamente inviável. As más línguas dizem que foi por problemas técnicos que tudo parou, mas nunca houve nenhum problema desse tipo.

E: As Fender brasileiras tinham a mesma qualidade que as americanas, mexicanas e japonesas?

C.A.: Conheci bem essas fábricas e seus produtos. Posso dizer com segurança que, fora o hardware e a captação, não há nenhuma diferença em relação às americanas. Com as outras não há nenhuma. É o que o pessoal que vem testando e comparando tem descoberto. Existem Fender feitas em todos os lugares do mundo, dos EUA a Coréia, passando por Japão e México, até no Brasil já foram feitas (pela Giannini, sob licença conhecidas como Fender Southern Cross, mas foram produzidas Stratos e não Teles por aqui), sem falar nas atuais Squier, sub linha da Fender. Eu tenho uma desde 93 e fiz um upgrade com Texas Special, tarraxas Gotoh, escudo white pearl, neckplate, ponte, knobs, strap lock, trastes dunlop, mudei a cor e parte elétrica tudo original e também tenho uma American Standard desde 96 que continua original. A Southtern Cross, ficou muito boa!, mas não ficou nelhor que a americana. A propósito, até onde eu sei ela foi produzida em nas cores preta, azul com preto tipo sunburst e vermelha. Inclusive já vi algumas Stratosonic transformadas com pickups encapados tipo Lace Sensor, não se enganem, são Giannini mesmo, e não foram usados nas Fender.”

As Southern Cross ainda são bastante admiradas por muitos e também odiada por outros. Um dos motivos é seu corpo em cedro, que é completamente diferente do Alder utilizado nas Fender americanas e mexicanas, descaracterizando o timbre de Stratocaster. Um outro motivo é um velho conhecido nosso: o preconceito contra instrumentos brasileiros. Mas de qualquer maneira, eram guitarras muito interessantes e com preço acessível na época.


































































Na próxima postagem, postarei a segunda parte, com informações técnicas sobre a Southern Cross e mais algumas imagens. Não deixem de conferir. Postagem por Flávio Marcel.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Guitarras e baixos FINCH

Olá leitores. O assunto desse post é Finch, que muita gente não conhece mas tem também muitos admiradores. A empresa começou em 1975 com a fabricação de guitarras e baixos. Em 1986 veio o reconhecimento: a empresa conquistou o Prêmio Qualidade do Brasil como melhor instrumento nacional. Sua linha de instrumentos era constituída por guitarras e baixos. Assim como outras marcas da época, a Finch produzia réplicas de modelos consagrados internacionalmente, visto que naquela época era muito difícil importar instrumentos. Possuía na sua linha modelos Les Paul, SG, SG Double Neck, Telecaster, Stratocaster, Flying V, Explorer, Jackson e Semi-acústica. E baixos Explorer, SG, Precision, Jazz, e Rickenbacker. O modelo mais comum de se achar nos dias de hoje é a Les Paul, cultuada por muitos. O único problema apontado por algumas pessoas é que a maioroa das Les Paul da Finch possuíam braço parafusado, ao contrário das clássicas Gibson. Na primeira foto, vejam uma parte do catálogo, onde tem os modelos Les Paul, semi-acústica, SG, Telecaster e SG Double Neck, respectivamente.

















Na segunda foto, outra parte do catálogo, com a Stratocaster, a Stratocaster estilo jackson, a Flying V estilo Jackson Randy Rhoads, a Explorer e a Flying V.


















E, nas outras fotos, algumas guitarras Finch.
O atelier da Finch existe até hoje, onde o Sr Sebastião faz manutenção, restauração e instrumentos por encomenda.
























































Um bom fim de semana a todos!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Guitarras SNAKE

Olá. Começando o blog com chave de ouro, vou falar um pouco sobre as antigas guitarras Snake, Made in Brazil.
"- No início dos anos 60 acontecia a grande agitação dos músicos da época - a guitarra elétrica – e um jovem músico e entusiasta do Rock, com iniciativa e muito talento, começou a produzir artesanalmente guitarras e amplificadores. Logo nascia a SNAKE, que em pouco tempo se consagraria como um ícone do segmento, produzindo verdadeiros objetos de desejo para as bandas da época. Todos os grandes nomes do meio musical já utilizavam as consagradas guitarras produzidas pela SNAKE e o mesmo aconteceu com os amplificadores, insuperáveis pelo som claro, definido, e pelo incrível “punch” quando levado a plena potência." (Fonte: site da Snake)

Até hoje os instrumentos Snake são muito aclamadas pelo Brasil. Foram guitarras que fizeram história, algumas das primeiras fabricadas em terras tupiniquins. Fabricavam guitarras e baixos, tanto sólidos quanto semi-acústicos. Mas os instrumentos que ficaram mais famosos são as guitarras semi-acústicas, muito admiradas e procuradas até hoje. Um músicco que atualmente ainda usa guitarra Snake é o Marcelo Camelo [Los Hermanos, solo]

A Snake ainda existe, mas infelizmente não fabrica mais instrumentos musicais, apenas amplificadores e sistemas de som.

A seguir, algumas fotos de instrumentos Snake.

























































































Em uma outra postagem futuramente, explorarei mais outros modelos Snake, mais desconhecidos.

Quem tiver interesse em conhecer melhor a guitarra, se garimpar bem se consegue achar esses belos instrumentos em lojas de usados.


Um feliz ano novo a todos!


Postagem por: Flávio Marcel